sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Asa



Apesar de toas as intempéries a África é, e sempre será, um caldeirão borbulhante de movimentos musicais e de grandes artistas. Talvez, por haver alí tanta disparidade, sua música consiga tamanha força e capacidade de despertar novas vozes para os mais enfáticos e sublimes discursos.


Com a nigeriana Asa este sentimento não poderia ser diferente. Apesar de haver nascido em Paris, sua vida se volta para o "ventre fértil do mundo" quando ainda muito criança. Com o regresso de sua família para Lagos - uma cidade considerada a Nova York da Nigéria pela sua mutiplicidade musical -, ali Asa cresceu ouvindo a coleção de discos de seu pai: Marvin Gaye, Fela Kuti, Bob Marley, Aretha Franklin, Sunny Ade, Ebenezer Obey e Lagbaja, entre outros.


O apelido de Asa (pequeno falcão) veio na infância. Única menina de uma família de três irmãos, aos 12 anos ela foi mandada pela sua mãe para uma das melhores escolas do país. Porém, a excelência educacional teve seu preço: cinco anos de estudos e privações. Quando voltou para casa, aos 18 anos, ela descobriu Erika Badu, D'Angelo, Rafael Saadiq, Lauryn Hill, Femi Kuti e Angélique Kidjo, e sonhou em seguir seus passos.


Em segredo ela se inscreveu na Peter King’s School of Music e aprendeu a tocar guitarra. A partir deste momento a música então se tornaria sua expressão e seu único caminho.


Foi em 2004 que Asa conheceu seu manager, Janet, que a apresentou à Cobhams Emmanuel Asuquo, que por sua vez, tornou-se seu parceiro musical. Desse encontro nasceu suas primeiras canções e a possibilidade de transmitir suas mensagens em inglês e iorubá, carregadas pela pegada do suol, do pop e do reggae. 


Nessa época ela voltou a viver em Paris para projetar sua carreira, e não tardou muito para que suas músicas reverberassem pela cidade da luz atraíndo o olhar da gravadora Naïve. 


Asa então lançou seu primeiro álbum ASA (Downtown- 2009), um disco repleto de belas canções, discursos poéticos e reflexivos, um estilo marcante da cantora. Um álbum que vale à pena ser conhecido, não só pela beleza de melodias e arranjos, mas, também pela carga poética de suas canções.


O pequeno falcão criou asas, e lá do alto refletiu toda beleza num vôo singular, sobre um mundo em descompasso.