segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Novos Baianos F.C.


Com o Campeonato Brasileiro a todo vapor resolvi publicar aqui uma modesta matéria que fiz, há algum tempo atrás, 
sobre os Novos Baianos para a REVISTA DO XV, uma publicaçao do Esporte Clube XV de Novembro, da cidade de Piracicaba- SP. Confira!



Pelo menos no Brasil, uma coisa é fato: música e futebol são duas paixões que, quase sempre, se encontram em campo. 


Na história da música brasileira existem várias canções e até alguns discos que comprovam esses dois times batendo uma bolinha.  


Mas, bem antes de se ouvir falar em "Uma partida de futebol" dos mineiros do Skank; do "Rockn'Gol" da MTV; ou algo do gênero, existiu uma galera que já fazia deste encontro uma verdadeira filosofia de vida.


No finalzinho da década de 70 (anos de chumbo da ditadura militar no Brasil), nascia um grupo que revelaria para o Brasil e para o mundo, a verdadeira cara da MPB e um pouco mais dessa paixão do brasileiro pelo futebol. O nome desse grupo: Novos Baianos. 

         

Juntando um "time" de jovens talentos musicais, com a paixão pelo futebol e uma maneira de levar a vida fora dos padrões da época, essa verdadeira família - como os próprios Baianos se definiam - driblavam com muita ginga a mão pesada da ditadura, amavam o futebol e faziam da música a sua tática dentro das "4 linhas" da vida.


Conhecendo o elenco não havia dúvidas de que eles não iriam fazer feio - pelo menos na música: Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, o letrista Luiz Galvão, a cantora Baby Consuelo, os irmãos também baianos, Pepeu e Jorginho Gomes, o carioca Dadi, Luis "Bolacha" e Baixinho. Já no futebol, bem, os caras se divertiam.


E diversão era a bola da vez naquela época. Todos moravam juntos numa espécie de comunidade hippie, sem regras nem ciúmes, em um sítio chamado Cantinho do Vovô, nos arredores de Jacarepaguá, no Rio de janeiro. Lá, além de fazerem música o dia todo, o futebol era sagrado. E eles tinham mesmo um time! Jogavam amistosos de várzea, tinham uniforme e viajavam para as partidas fora de casa, na carroceria de um caminhão, no melhor estilo "independente futebol clube". 


Sem maiores pretensões na carreira futebolística, essa rapaziada estava mesmo era afim de fazer parte da história da Música Popular Brasileira. E fizeram com a maestria de um craque. 


Fundiram ritmos brasileiros com o rock e botaram o "Tio Sam" para sambar. Levantaram a torcida no primeiro minuto de partida com o disco "Acabou Chorare" (1972) e dalí em diante era um gol atrás do outro. Novos Baianos F. C.(1973), No Tcheco Tcheco/Fala Tamborim (em Pleno 74) (compacto simples, 1973), Novos Baianos (1974), Vamos Pro Mundo (1974), Caia Na Estrada e Perigas Ver (1976), Praga de Baiano (1977), Farol da Barra (1978) e Infinito Circular (1997). Uma lavada! 


"A bola já está comigo e os dois beques colados às minhas costas me obrigando ao drible . Eu vivo disso, sou Garrincha por convicção. Sou Tostão pra não me machucar. Não há filosofia além disso, só o novo. O criado em cada minuto. E não tem dois tempos pra quem anda. A dúvida tem só a direção de um lance. Ser junto, ser mais de dois (o sonho dourado da família). Encontro constante e continuado com o fiozinho de nada que é você. E chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor". 


Nas palavras de Galvão, a síntese da juventude dá década de 70. O Brasil de Tostão e Pelé, de Gil e Caetano. Do tropicalismo, do desbunde e da consciência e acima de tudo, da atitude. Para eles, o mundo e a música estava alí para serem provados e reinventados. E nesse campo os Novos Baianos bateram um bolão.


Se você nunca ouviu falar desse time - acredito que não - vale à pena descobrir a música dos Novos Baianos. Você conhecerá a genialidade de artistas como o compositor Moraes Moreira e o jovem guitarrista Pepeu Gomes no seu início de carreira.  

É jogo ganho. Um timaço!