quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Big Bang traz um pouco da essência do rock para o Brasil

Em passagem pelo País banda da Noruega, vencedora de quatro Grammys, vai na contramão do mainstream



Enquanto leio uma notícia relacionada ao Festival Lollapalooza que virá para o Brasil no ano que vem, relatando os desentendimentos entre sua organização e um músico brasileiro (que, na minha opinião, só reforçam o caráter mercadológico cada vez mais evidente nos grandes festivais), a lembrança do show que presenciei na noite de ontem no Studio SP, aqui em São Paulo, me conforta pelo fato de ter visto uma apresentação honesta. Uma verdadeira aula de “rockband”: toque para um, ou um milhão, mas toque com coração.

Os responsáveis levam o nome de BigBang. E não pense você que se trata de alguns novatos ou aspirantes ao sucesso. Este power trio formado pelos noruegueses, Oystein Greni, vocalista e guitarrista, Olaf Olsen na bateria e Hængsle Nicholas Eilertsen no baixo, já tocou em alguns dos mais importantes festivais da Europa, abriu shows de ninguém menos que Eric Clapton, em Estocolmo, venceu quatro Grammys, além de haver recebido ótimas críticas da imprensa especializada americana ao seu respeito.

Formado em 1992, com nove álbuns, quatro Eps e um DVD ao vivo em sua discografia, e com o lançamento do recente LP “Epic Scrap Metal, a BigBang deixou claro que algumas canções como, “Girl In Oslo” e “Cigarette”, entre outras, já conquistaram alguns fãs por aqui. A energia e o carisma com que o líder da banda, Oystein Greni, conduziu o show de ontem, com mais de uma hora, fez parecer que atrás de mim havia uma multidão e não mais que 100 pessoas. Mesmo com a casa relativamente vazia, a banda não se desmotivou e numa performance contagiante, deixou claro porque é considerada uma das bandas mais expressivas do seu país.

O som, que remete ao rock setentista de Zeppelin e Grand Funk, calcado no Blues e no FolkRock, vem atravessando os anos que os separaram destas influências com a mesma clarividência e honestidade com que olham para as luzes ofuscantes do mainstream viciado que cerca os grandes festivais, como estes que aportam aqui no Brasil. Conversando com o baterista Olaf Olsen, antes de subir ao palco, ele me dizia que estava muito feliz em conhecer o Brasil e perceber que aqui há espaço para todo tipo de música, e que mesmo diante de um público menor, uma banda deve tocar com o coração.

E realmente eles fizeram isso. Agora, depois de ler todos esses absurdos noticiados pela imprensa sobre o Lollapalooza, gostaria de dizer à Olsen: “Cara, assistiria vocês em um festival aqui no Brasil, fosse às dez da manhã ou às onze da noite.You rock man!”