segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A 'maioridade musical' de Ben Harper

Em São Paulo, músico toca por mais de duas horas, explorando suas grandes influências e ainda brinda o público, que lotou o Via Funchal, com seus maiores sucessos

Quando uma pessoa chega aos dezoito anos dizemos que ela atingiu a sua maioridade, se tornou um adulto. Fazendo uma analogia com os anos oficiais de carreira do músico californiano Ben Harper, ouso afirmar o mesmo: Ben Harper atingiu a sua "maioridade musical".

Para entender essa comparação, talvez você tenha que ouvir sua vasta obra, iniciada oficialmente em 1994 com o disco ' Welcome The Cruel World', passando por mais dez discos de estúdio, três ao vivo, até o seu mais recente trabalho, 'Give Till It's Gone' (2011) - ou pelo menos ter visto o penúltimo show da sua turnê brasileira, realizado no dia 9 de dezembro, no Via Funchal, em São Paulo.

Naquela noite, o público que lotou a casa esperando ouvir logo de cara seus grandes sucessos, foi surpreendido com uma avalanche de rock'n roll, na primeira parte de sua apresentação. Acompanhado pela banda Relentless 7, um power trio de extrema competência, Ben Harper deixou claro que, ao chegar próximo dos 18 anos de carreira oficial, não precisa provar nada para ninguém e suas raízes musicais poderiam muito bem consagrá-lo como um verdadeiro bluesman do século XXI.

Músicas como 'Better Way', `Shimer in Shine' e 'Glory & Consequence', trouxeram à tona algumas de suas maiores influências: Robert Johnson, Blues Traveler e Taj Mahal. Até mesmo um cover inusitado de 'Jeremy', do Pearl Jam, deram um pontapé na porta dos desavisados. Muito à vontade, o músico cantou à capela, demonstrando sua potência vocal e sua influência gospel e interagiu várias vezes com a platéia, chegando até a arriscar em português: ¨Vocês são muito mais do que eu mereço¨.

Já na segunda entrada, “With My Own Two Hands” e "Another Lonely Day", executadas só no violão e voz, poderiam muito bem colocá-lo ao lado de outra grande influência sua: Bob Marley. Para aqueles que conhecem mais de perto sua obra, tal comparação - dada as devidas proporções - não é nada surpreendente.

Ben Harper realmente demonstrou toda sua versatilidade e uma maturidade musical e artística sem ressalvas. Carismático, o artista ganhou muitos aplausos ao vestir a camisa 8 do eterno corintiano Dr. Sócrates para cantar com a brasileira Vanessa da Mata a tão aguardada 'Good Luck', última canção do show.

Foi assim, com uma mensagem positiva, em alto e bom som, que Ben Harper fechou sua passagem por São Paulo. Agradou seus verdadeiros fãs, demonstrando todo seu talento como compositor, cantor e guitarrista de steel lap, e ainda brindou seus seguidores de hits com os sucessos que esperavam ouvir.

Boa sorte para você também Ben Harper e que, em breve, possamos ouvir seus novos brados

Foto: Stephan Solon/Via Funchal